sábado, agosto 28, 2010

Trecho do livro "Marley & Eu"



Pensei muito em descrevê-lo, e foi isto que resolvi dizer: "Nunca ninguém disse que ele era um grande cachorro - ou mesmo um bom cachorro. (...) Ele atravessava a vida alegremente com um gosto mais frequentemente associado aos desastres naturais. (...)Quanto à sua mente, vamos apenas dizer que ele perseguiu seu rabo até o dia em que morreu, aparentemente convencido de que estava a ponto de realizar um grande feito canino". Ele não era só isso, no entanto, e descrevi sua intuição e empatia, sua delicadeza com crianças, seu coração puro.
O que realmente queria contar era como este animal tocara nossas almas e nos ensinara algumas das lições mais importantes de nossas vidas. "Uma pessoa pode aprender muito com um cão, mesmo com um cão maluco como o nosso", escrevi. "Marley me ensinou a viver a cada dia com alegria e exuberância desenfreadas, aproveitar cada momento e seguir oque diz o coração. Ele me ensinou a apreciar coisas simples - um passeio pelo bosque, uma neve recém-caída, uma soneca sob o sol de inverno. E enquanto envelhecia e adoecia, ensinou-me a manter o otimismo diante da adversidade. Principalmente, ele me ensinou sobre a amizade e o altruísmoe, acima de tudo, sobre lealdade incondicional".
Era um conceito interessante que só então, após a morte dele, eu compreendia inteiramente. Marley como mentor. Como professor e exemplo. Seria possível que um cachorro - qualquer cachorro, mas principalmente um absolutamente incontrolável e maluco como o nosso - pudesse mostrar aos seres humanos o que realmente importava na vida? Eu acreditava que sim. Lealdade. Coragem. Devoção. Simplicidade. Alegria. E também as coisas que não tinham importância. Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lher der o seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não. Enquanto eu escrevia a coluna de despedida para Marley, descobri que tudo estava bem à nossa frente, se apenas pudéssemos ver. Às vezes, era preciso um cachorro com mau hálito, péssimos modos e intenções puras para nos ajudar a ver.
(Marley & Eu - pág.291, 292. Cap. 'Sob as cerejeiras')
Faço das palavras de John Grogan, as minhas em homenagem ao meu neném..Lindsay, que amo muito como parte de minha família.

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